Estamos naquela altura em que se faz a retrospectiva do que o ano foi, daquilo que poderia ter sido e daquilo que não foi. Por esta altura jornais e revistas estão cheios dos melhores do ano, as personalidades, os acontecimentos, os discos, os livros, os filmes, tudo o que de melhor se fez este ano, como se os que não apareceram no top 10 nem valham uma mísera nota de rodapé naquilo que as gerações futuras recordarão deste ano que está quase a acabar.
Vou resistir à febre dos best of pseudo-culturais e não vou fazer nenhuma lista sobre aquilo que a minha humilde opinião acha que foi o que merece ser lembrado (ou esquecido) em 2007. Não vou dizer quem foi a personalidade que mais me marcou (muito menos chamar Messias ao Al Gore), não vou dizer qual foi o acontecimento que vai aparecer nos livros de história (e por favor não me falem mais da Maddie a não ser quando souberem mesmo o que se passou), não vou louvar nenhum disco em especial (muito menos dizer que foi o álbum do Albert Hammond Jr. que mais me marcou, não por o considerar o melhor, apenas porque foi o que mais me caiu nas boas graças), não quero também falar de livros (apesar de continuar a ser um grande fã do Miguel de Sousa Tavares) nem de filmes (porque ainda não vi o There Will Be Blood do meu realizador preferido, o Paul Thomas Anderson).
Quem me conhece sabe que eu sou o rapaz dos detalhes, por isso vou apenas enumerar 10 dos pequenos detalhes que me marcaram este ano (por ordem alfabética para não dar mais importância a uns que a outros), e como o ano é grande e a minha memória é curta (afinal de contas este talvez não seja o meu best of de 2007, talvez apenas dos dois últimos meses de 2007), talvez não sejam estes os melhores, apenas os que me lembro agora:
1. A constante falta de inovação dos anos 00 (vá lá, estamos quase no fim da década) 2. A paciência da Marta 3. A resistência do meu carro aos maus tratos a que é submetido 4. A reviravolta espiritual do Ricardo após o seu regresso de África (como um guru espiritual?) 5. A velocidade lenta da Internet (a sério, estamos mesmo quase no final da década) 6. Aqueles amigos que afinal não são amigos, mas alguém com quem se passava o tempo 7. As saudades da Rute 8. O meu gato, o Zé 9. O sorriso da Joana 10. Os olhos da Lara
Claro que se passaram tantas outras coisas, tantas coisas melhore e mais interessantes e, agora que penso nisto, acho que este não é o best of de 2007, nem sequer o meu best of dos últimos dois meses de 2007, se calhar é apenas o best of de 30 de Dezembro de 2007.
A Música Confesso que não conheço este indivíduo de lado nenhum, nem sei de onde veio esta música, só sei que me calhou no aleatório da caixinha de música e achei que reflectia o que sinto e o que quero transmitir com este post. Após uma breve visita à Wikipedia, descobri que é do Michigan e que para além da carreira a solo também faz parte dos The Raconteurs.
Well I don't know what I'm looking for But I know that I just want to look some more And I won't be satisfied Til there's nothing left that I haven't tried For some people it's an easy choice But for me there's a devil in an angel's voice Well I don't know what I'm looking for But I know that I just want to look some more
Well I don't know what I'm living for But I know that I just want to live some more And you hear it from strangers and you hear it from friends That love never dies and love never ends I don't want to argue, no I don't want to fight Cause you're always wrong and I'm always right Well I don't know what I'm living for But I know that I just want to live some more
I used to be involved and I felt like a king Now I've lost it all and I don't feel a thing I may never grow up, I may never give in And I blame this world that I live in I was in hell on a daily basis And I see the sadness on all your faces I've got friends who were married and their lives seemed complete And here I am still stumbling down a darkened street A darkened street
And I act like a child and I'm insecure And I'm filled with doubt and I'm immature Sometimes it creeps up on me And before I know it I'm lost at sea But no matter how far I roam I always find my way back home But I don't know what I'm waiting for But I know that I don't want to wait anymore
Eu sei que é simbólico e psicológico, mas que aquele período do sistema de medição de tempo criado pelos gregos, modificado pelos romanos e reiniciado por ordem da igreja para a data aproximada do nascimento de Jesus Cristo (sim, aquele que fez anos a semana passada), e que corresponderá agora a 2008, vos corra aquele bocadinho melhor do que correu este ano que está quase a acabar!
Agora bora lá assistir à trilogia do Padrinho e comer pipocas coloridas gourmet para depois ir à festa da... hum... Quem? Como é que ela se chama? Não interessa, temos que ir lá para depois ir benzer o mar de espumante (qual champagne? Isso é francês) como manda a tradição. Ah, e ainda tenho que jantar em casa para aturar a dona Micas e as amigas que vieram de propósito das terras longínquas do Douro e tenho também que passar pela festa do Alex para comer a Choupinha, ou lá o raio que aquilo se chama. Enfim, há que arranjar forma de passar o dia mais estúpido do ano, que por sinal é o último.
Detesto fazer as pessoas sofrer, ainda por cima por coisas pelas quais elas não têm culpa, mas há coisas que tenho que fazer, porque eu não sou essa figura imaginada que as pessoas fazem de mim. Ninguém é perfeito e eu estou longe da perfeição, mas parece-me que as pessoas às vezes me metem num patamar ridículo com expectativas demasiado altas para aquilo que não sou, quando eu estou farto de dizer que sou só um rapazinho vulgar que anda sempre com a cabeça nas nuvens, mas isso é porque estou sempre a sonhar.
Eu sei que tu não me compreendes porque tens feito (e vais continuar a fazer) exactamente o contrário do que eu vou fazer, e se és feliz assim, então vive assim. Eu é que não vou viver assim, não posso, é contra tudo aquilo que sou e mesmo que não seja grande coisa, uma coisa que posso dizer é que me orgulho de ser o pouco que sou.
Para ti é muito mais fácil deitares as culpas para cima de mim e dizeres: "tu é que te afastaste", assim como para mim é muito mais fácil dizer: "porque tu quiseste", mas não adianta estarmos para aqui com essas coisas. A verdade é bem mais simples, tu perdeste-me porque não me quiseste daquela forma e eu perdi-te porque não te quis da outra. Eu não tenho culpa de gostar de ti e tu não tens de culpa de gostar de mim. Não! De gostar mais ou menos de mim. Não! Raios! De não gostar de mim. Ai, ai, eu sou mesmo palerma, confundo sempre tudo. (Ironia das ironias, conheci-te no primeiro dia da Primavera e "desconheci-te" no primeiro dia de Inverno, nem nos filmes a preto e branco se vê tanto romantismo)
Eu acredito naquela utopia que é a felicidade. Penso que foi a Rute que me disse um dia que “Não somos felizes, estamos felizes” (e se não foste tu, chiu, faz de conta). Na altura não concordei muito, passei agora uma fase em que acreditei nisso, mas isso não sou eu, eu acredito que a felicidade pode ser vivida (e não apenas sentida por meros momentos) e é à procura disso que eu vou continuar, por mais foleiro que possa parecer.
Gosto de coisas que me façam sentir vivo, mesmo que sejam más, mas tantas facas a espetar no corpo acabam por matar (Eia! Fiz uma frase gótica! Se o André vê isto rejubila de tristeza. E logo eu que tanto mal digo dos Emos).
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A partir de hoje os dias vão começar a ser maiores, não por um qualquer sentimento que me faça parecer isso, antes porque hoje se dá o Solstício de Inverno. Os dias de escuridão vão ficando para trás e o frio, esse também vai derretendo com o calor do sol. Já chega de Lua, agora quero as nuvens, mas não nesta quantidade absurda, apenas aquelas duas ou três que parecem formar imagens na minha cabeça já por si carregada da imaginação absurda que tão bem me caracteriza.
Hoje vou esquecer-me do casaco em casa!
A Música (Nota para mim próprio: Escrever aqui qualquer coisa sobre o Pete Yorn)
You and I We’re two of a kind I hate to say it but you’ll never relate What makes you tick? It makes me smile You said that I should get away from it all And bury my head in the sand if I want to I think you… should thank me now
You were lying wide awake in the garden Try and you'll get over your stardom And I could never see you depart us And you’re my baby You’re just another girl Just another girl
I never mind the way I had to see ya My working on a day show never explains why I see you And I feel your pain. I love to wear my work inside of my head I can’t complain but you should never react the way you did I feel your time
You were lying wide awake in the garden Try and you'll to get over your stardom And I could never see you depart us And you’re my baby
You were lying wide awake in the garden Try and you'll get over your stardom And I could never see you depart us And you’re my baby You’re just another girl You're just another girl You're just another girl
(Não quero que este blog se transforme na TV 7 Dias da novela que é a minha vida, mas não me apetece estar a explicar o que se passou a toda a gente, por isso desculpa este meu registo "carta aberta")
Fico preso por mais de duas horas num elevador com o número de emergência imperceptível porque alguém se lembrou de rasgar o autocolante com o número, só por brincadeira. Sou libertado por uns amigos embriagados que, vá-se lá saber como, conseguíram abrir a porta do elevador. Consigo finalmente adormecer a horas de jeito, mas acordo às 7 da manhã e não consigo dormir mais. Ligo o computador, aparece um ecrã azul da morte e logo a seguir uma mensagem a dizer que o computador está na iminência de avariar (isto com ele já avariado). Chego ao carro, tenho o carro todo arranhado, mais um imbecil que me bateu e que se pôs a andar. Nos Serviços Académicos dizem-me que perderam um documento meu, depois de ter estado quatro horas à espera para ser atendido. Um cliente não quer pagar. Outro cliente teima que quer as coisas menos profissionais. Fico sem saldo no telemóvel. Um polícia repleto desse espírito natalício teima que não se pode fazer inversão de marcha num parque de estacionamento. A Segurança Social fechou há dois minutos porque não pude fazer inversão de marcha e estacionar naquele lugar que ficou livre. Já passou o prazo para pagar a conta da luz. Acabou o sal, as cebolas e a massa. Acabou o detergente da louça. Está frio de mais para ir ao café. A rapariga de quem eu gosto diz-me finalmente que se calhar gosta de mim mas que gosta mais de outro rapaz.
Valha-me ao menos o meu aquecedor (a máquina de fazer pipocas) que não aquecia, mas que começou a aquecer assim do nada, num dia em que bem precisava de ser aquecido. Mas sinto-me frio na mesma. Há dias assim, em que tudo corre mal...
A Música De volta à Suécia para um cantor com um sentido de humor peculiar. Esta é uma versão de uma música do Arthur Russell, um músico marginal norte-americano que nos deixou algumas pérolas como esta A Little Lost. Sim, estou um bocado perdido...
I'm a little lost Without you That could be an understatement Now I hope I have paid the cost To let a day go on by and not Call on you
'Cause I'm so busy, so busy Thinking about kissing you Now I want to do that Without entertaining another thought
Out on the ocean surf I'll have to pull myself together Now it's harder I'm not on my turf Just me and me and those big old waves Rolling in
'Cause I'm so busy, so busy Thinking about kissing you Now I want to do that Without entertaining another thought
I'm so unfinished Our love affair A voice in me Is telling me to Run away I hope your feeling isn't diminished I hope you need someone in your life Someone like me
'Cause I'm so busy, so busy Thinking about kissing you Now I want to do that Without entertaining another thought
A livraria era velha e os livros estavam cheios de pó, não tinham aquele cheiro a novo das livrarias de centro comercial que tanto enjoam e entontecem. As estantes eram feitas daquela madeira de antigamente, aquela madeira escura e maciça que era feita para durar séculos, nada destas madeiras plastificadas montadas com dois parafusos com um manual de instruções confuso que ao fim de dois anos já são mais lenha de fogão que estantes propriamente ditas.
A contrastar com aquele ambiente de museu, estava ao balcão uma rapariga jovem de aspecto oriental, talvez fosse chinesa, a julgar pela cara redonda. O balcão, uma secretária três vezes maior que a minha, estava povoado de livros abertos e um enorme pote de barro que albergava os mais de vinte paus de incenso que enfeitavam o ar de fumos e cheiros.
Os livros não estavam organizados alfabéticamente, também não estavam organizados por temas. Para falar a verdade, acho que nem sequer estavam organizados, os livros velhos foram ficando por ali e os novos foram sendo postos nos buracos deixados pelos livros que uma ou outra pessoa escolhia para folhear e levar.
Decidi render-me ao espírito do espaço: fechei os olhos, dei duas voltas até me sentir tonto e tirei um livro à sorte.
O livro que tirei chamava-se "A Oriente", era vermelho, tinha as dobras da capa coladas com fita-cola castanha e o desenho rudimentar de um candeeiro de papel chinês. Em baixo, quase escondido na capa, figurava o nome do escritor numas letras tão pequenas que agora me escapam à memória.
Li as três primeiras páginas, sendo que "ler" é uma expressão demasiadamente vaga para descrever aqueles parágrafos que me entonteceram como entontece o ópio e voltei a colocar o livro na estante 3B, controlando o desejo de o ler todo de seguida, para tentar prolongar aquele sentimento que não se sabe bem o que é, mas que sabe bem.
Virei-me para ela (afundada até ao pescoço no seu casaco com botões do tamanho da lua) e disse: "Vou escondê-lo aqui, para quando o quiseres ler!". Ela não disse nada, sorriu aquele seu sorriso que me tira do sério e continuou a folhear os livros todos de uma vez, com as pontas dos dedos, assobiando uma qualquer melodia para mostrar o seu desinteresse, enquanto percorria as estantes com aquele seu passo inseguro e o paraíso no seu olhar sempre desviado do meu.
E a banda de baile começou a tocar baixinho lá fora, na praça deserta repleta de luzinhas de Natal (umas bonitas, outras feias, outras até mesmo assustadoras) e daquele frio de Inverno que só não se fazia sentir quando tinha a cabeça nela, na Lua.
As Músicas É difícil falar deste cantor boémio com o cigarro no canto da boca e o copo de tasca na mão como imagens de marca. Primeiro porque é daqueles nomes intocáveis da música portuguesa, segundo porque sou assim um "fãzinho" do Jorge Palma desde pequeno, quando ainda nem sabia sequer que as músicas eram dele. Para não dizer mais asneiras, aqui fica este Dá-me Lume, não me deixes morrer ao frio...
Chegaste com três vinténs E o ar de quem não tem Muito mais a perder O vinho não era bom A banda não tinha tom Mas tu fizeste a noite apetecer Mandaste a minha solidão embora Iluminaste o pavilhão da aurora Com o teu passo inseguro E o paraíso no teu olhar
Eu fiquei louco por ti Logo rejuvenesci Não podia falhar Dispondo a meu favor Da eloquência do amor Ali mesmo à mão de semear Mostrei-te a origem do bem e o reverso Provei-te que o que conta no universo É esse passo inseguro E o paraíso no teu olhar
Dá-me lume, dá-me lume Deixa o teu fogo envolver-me Até a musica acabar Dá-me lume, não deixes o frio entrar Faz os teus braços fechar-me as asas Há tanto tempo a acenar
Eu tinha o espírito aberto Às vezes andei perto Da essência do amor Porém no meio dos colchões No meio dos trambolhões A situação era cada vez pior Tu despertaste em mim um ser mais leve E eu sei que essencialmente isso se deve A esse passo inseguro E ao paraíso no teu olhar
Dá-me lume, dá-me lume Deixa o teu fogo envolver-me Até a musica acabar Dá-me lume, não deixes o frio entrar Faz os teus braços fechar-me as asas Há tanto tempo a acenar
Se eu fosse compositor Compunha em teu louvor Um hino triunfal Se eu fosse critico de arte Havia de declarar-te Obra-prima à escala mundial Mas eu não passo dum homem vulgar Que tem a sorte de saborear Esse teu passo inseguro E o paraíso no teu olhar
Dá-me lume, dá-me lume Deixa o teu fogo envolver-me Até a musica acabar Dá-me lume, não deixes o frio entrar Faz os teus braços fechar-me as asas Há tanto tempo a acenar
Da mesma forma que pelos 20 anos de carreira dos Xutos & Pontapés fizeram um álbum de tributo com covers, para celebrar os 20 anos de carreira do Rui Veloso juntaram-se 14 bandas para fazer covers das 11 músicas que faziam parte do primeiro álbum do Rui Veloso. Esta, para mim, é das melhores versões que já ouvi de qualquer música, pelas mãos (e voz) dos Clã com a inevitável letra do Carlos Tê que, para além de ser o senhor que escreve as letras das músicas do Rui Veloso, é também ele que escreve as letras para os Clã.
Tenho à janela Uma velha cornucópia Cheia de alfazema E orquídeas da Etiópia
Tenho um transístor ao pé da cama Com sons de harpas e oboés E cantigas de outras terras Que percorri de lés-a-lés
Tenho uma lamparina Que trouxe das arábias Para te amar à luz do azeite Num kamasutra de noites sábias
Tenho junto ao psyché Um grande cachimbo d'água Que sentados num canapé Fumámos ao cair da mágoa
Tenho um astrolábio Que me deram beduínos Para medir no firmamento Os teus olhos astralinos
Vem, vem à minha casa Rebolar na cama e no jardim Acender a ignomínia E a má língua do código pasquim Que nos condena numa alínea A ter sexo de querubim
Não existem muitas coisas que me tiram o sono, e menos ainda são as que me tiram do sono, mas de vez em quando lá sou visitado por essas musas desinspiradoras chamadas Insónias que me roubam o sono e que me põem a pensar em tudo e mais alguma coisa enquanto espero que o João (o Pestana) chegue finalmente.
Vou-me deixando estar aqui vendo as horas passar no minúsculo relógio colocado na parte superior direita do monitor e tento a imaginar a Lua que deve estar algures atrás do denso nevoeiro que me entra pelos ossos adentro mesmo apesar das camadas absurdas de roupa que ainda assim me fazem sentir nu.
Hoje sonhei com ela (a Lua) e como sei que a minha memória se vai esquecer daqueles dois minutos que foi o sonho dela, quis deixar aqui uma nota de rodapé, para não me esquecer, ao menos, que sonhei com ela...
As Músicas O Pedro Abrunhosa e este álbum Viagens em particular marcaram-me profundamente porque foi da primeira música que ouvi e que hoje ainda consigo ouvir. Tinha 10 anos quando este homem misterioso, sempre e invariavelmente de óculos de sol, começou a causar polémica e não apenas no meio musical. Ainda hoje não é consensual, algumas pessoas gostam, outras não gostam, outras já gostaram e outras começam a gostar. Eu gosto.
Mais um dia que acaba E a cidade parece dormir, Da janela vejo a luz que bate no chão E penso em te possuir. Noite após noite, há já muito tempo, Saio sem saber para onde vou, Chamo por ti, na sombra das ruas, Mas só a lua sabe quem eu sou. Lua, lua, Eu quero ver o teu brilhar, Lua, lua, lua, Eu quero ver o teu sorrir.
Leva-me contigo, Mostra-me onde estas, É que o pior castigo É viver assim, sem luz nem paz, Sozinho com o peso do caminho Que se fez para trás... Lua, eu quero ver o teu brilhar, No luar, no luar.
Homens de chapéu e cigarros compridos Vagueiam pelas ruas com olhares cheios de nada, Mulheres meio despidas encostadas à parede Fazem-me sinais que finjo não entender. Loucas são as noites, que passo sem dormir, Loucas são as noites. Os bares estão fechados já não há onde beber, Este silencio escuro não me deixa adormecer. Loucas são as noites.
Não há saudade sem regresso, não há noites sem madrugada, Ouço ao longe as guitarras, nas quais vou partir, Na névoa construo a minha estrada.
Loucas são as noites, que passo sem dormir, loucas são as noites. Loucas são as noites, que passo sem dormir, loucas são as noites...
Tenho seguido atentamente a carreira da Cristina Branco desde que a minha irmã me falou dela há uns anos atrás. Desde então esta fadista diferente tem-me encantado aqui e ali com a qualidade brilhante das suas músicas. Agora decidiu fazer uma homenagem a Zeca Afonso com interpretações das músicas dele com dois toques de Jazz e música tradicional com aquela voz arrepiante dela!
Aldeia da Meia Praia Ali mesmo ao pé de Lagos Vou fazer-te uma cantiga Da melhor que sei e faço
De Montegordo vieram Alguns por seu próprio pé Um chegou de bicicleta Outro foi de marcha à ré
Quando os teus olhos tropeçam No voo de uma gaivota Em vez de peixe vê pecas de oiro Caindo na lota
Quem aqui vier morar Não traga mesa nem cama Com sete palmos de terra Se constrói uma cabana
Tu trabalhas todo o ano Na lota deixam-te mudo Chupam-te até ao tutano Levam-te o couro cabeludo
Quem dera que a gente tenha De Agostinho a valentia Para alimentar a sanha De esganar a burguesia
Adeus disse a Montegordo Nada o prende ao mal passado Mas nada o prende ao presente Se só ele é o enganado
Oito mil horas contadas Laboraram a preceito Até que veio o primeiro Documento autenticado
Eram mulheres e crianças Cada um com o seu tijolo Isto aqui era uma orquestra quem diz o contrario é tolo
E se a ma língua não cessa Eu daqui vivo não saia Pois nada apaga a nobreza Dos índios da Meia-Praia
Foi sempre tua figura Tubarão de mil aparas Deixas tudo à dependura Quando na presa reparas
Das eleições acabadas Do resultado previsto Saiu o que tendes visto Muitas obras embargadas
Mas não por vontade própria Porque a luta continua Pois é dele a sua história E o povo saiu à rua
Mandadores de alta finança Fazem tudo andar para trás Dizem que o mundo só anda Tendo à frente um capataz
Eram mulheres e crianças Cada um com o seu tijolo Isto aqui era uma orquestra Que diz o contrario é tolo
E toca de papelada No vaivém dos ministérios Mas hão-de fugir aos berros Inda a banda vai na estrada
Claro que nada pode fazer esquecer o mestre original, o senhor que dedicou a sua vida a combater os males do seu tempo com a melhor arma que tinha à mão e à garganta. Deixo-vos com esta balada tão simples e tão genial, escrita em 1982 por aquele que foi também um mestre do fado de Coimbra: José Afonso.
Dorme meu menino a estrela dàlva Já a procurei e não a vi Se ela não vier de madrugada Outra que eu souber será pra ti
Outra que eu souber na noite escura Sobre o teu sorriso de encantar Ouvirás cantando nas alturas Trovas e cantigas de embalar
Trovas e cantigas muito belas Afina a garganta meu cantor Quando a luz se apaga nas janelas Perde a estrela d'alva o seu fulgor
Perde a estrela d'alva pequenina Se outra não vier para a render Dorme quinda à noite é muito menina Deixa-a vir também adormecer
O barulho da porta a abrir fez-me olhar para trás e juro que logo ali encontrei o meu coração, que julgava perdido há já tanto tempo. A minha vontade? A minha vontade era correr para ela e abraçá-la, senti-la minha, nos meus braços, por dois segundos que fossem...
Em vez disso dei um passo atrás e tentei respirar fundo, tão fundo quanto os meus pulmões aguentaram e forcei um sorriso como tantos outros enquanto lhe beijava os dois lados da face, um a seguir ao outro.
A Música E assim de repente comecei a gostar de uma cantora que já o meu pai gostava lá atrás, nos anos 80. A cantora chama-se Sade, é meio nigeriana e meio inglesa e tem um som lounge "tem-lá-calma" que é completamente relaxante e reconfortante (como eu nunca consigo ser)...
I'm crying everyone's tears And there inside our private war I died the night before And all of these remnants Of joy and disaster What am I supposed to do I want to cook you a soup that warms your soul But nothing would change nothing would change at all It's just a day that brings It all about Just another day And nothing's any good
The dj's playing the Same song I have so much to do I have to carry on I wonder if this grief will Ever let me go I feel like I am the king Of sorrow The king of sorrow
I suppose I could just walk away Will I disappoint my future If I stay It's just a day that brings It all about Just another day And nothing's any good The dj's playing the Same song I have so much to do I have to carry on I wonder will this grief Ever be gone Will it ever go I'm the king Of sorrow The king of sorrow
I'm crying everyone's tears I have already paid for all My future sins There's nothing anyone Can say to take this away It's just another day And nothing's any good
I'm the king Of sorrow King of sorrow
(Parece que algumas pessoas não sabiam que é possível fazer o download de todas as músicas deste blog. É bastante simples, basta passar o rato por cima da capa do álbum da música e aí aparecem dois ícones de cada lado da capa. O botão que diz "MP3" é o link para fazer o download da música, o que diz "Amazon" é o link para o álbum na Amazon e se carregarem na capa do álbum são encaminhados para a página do músico em questão. Aqueçam lá os ouvidos, que está frio...)
(O texto deste post está protegido por uma espécie de palavra-passe muito simples. Um rebuçado de caramelo para quem conseguir descobrir qual é!)
Três dicas É o nome de uma pessoa Pode levar acentos, espaços e letras maiúsculas Pode ser o nome completo, diminutivo ou apelido
As Músicas Ao contrário da maioria das adolescentes portuguesas (mulheres dos 12 aos 32 anos), não posso dizer que seja um grande fã do David Fonseca. Gosto de muitas músicas dele, mas não passam disso, apenas gosto, o que me irrita bastante. Acho que o problema na minha cabeça é mesmo o facto das adolescentes e da vulgaridade com que as rádios e televisões tratam as músicas boas, repetindo-as á exaustão. Se é que esta música não se tornou já vulgar enquanto escrevo isto, aqui vai esta Kiss Me, Oh Kiss Me para um excelente álbum, Dreams In Colour.
So when the fight is over, And the storm is through, Now will you pick another? What will you get into?
So you stand in the corner, With those boxing gloves on you, You're old, scared and lonely, Yeah we've all been there too... uh uh We've been all there too...
Kiss me, oh kiss me, If that can make it right. Try me, find me, Just throw them on me... Those failed expectations... Floods and afflictions you're through. Cause I just might, take them home with me.
And the cracks in the pavement, Yeah we've all fell there before, And bones built into skeleton, We've all been through that door.
Kiss me, oh kiss me, If that can make it right. Try me, find me, Just throw them on me... Those failed expectations... Floods and afflictions you're through. Cause I just might...
Kiss me, oh kiss me, Will that make things right ? Try me, find me, Just throw them on me... Those failed expectations... Floods and afflictions you're through. Cause I just might... I just might, take you home.
Kiss me, kiss me, We've all been there too, Kiss me, kiss me We have all been there too, Kiss me, kiss me We've all been there too, Kiss me, kiss me So kiss me...
No outro dia aconteceu uma coisa que me marcou e irritou ainda mais. Enquanto tocava a Harder, Better, Faster, Stronger, uma verdadeira obra prima dos Daft Punk, um grupo de adolescentes (lá vamos nós outra vez...) gritava: "Heii! Justice!". Estive mesmo para fazer o papel de "cota" e resmungar como os velhos no jardim: "Isso não é Justice, são os Daft Punk! Ai... Esta canalhada de hoje em dia...". Sim, é verdade que os estilos são parecidos, mas isso é porque os Justice copiaram um bocado o estilo dos Daft Punk!
(A propósito da Harder, Better, Faster, Stronger, vejam este vídeo não oficial de um grupo de habilidosos chamado Daft Hands que se divertem a fazer vídeos das músicas dos Daft Punk apenas com as letras escritas nas mãos. Grande trabalho de coordenação de mãos!)
It might not be the right time I might not be the right one But there's something about us I want to say Cause there's something between us anyway
I might not be the right one It might not be the right time But there's something about us I've got to do Some kind of secret I will share with you
I need you more than anything in my life I want you more than anything in my life I'll miss you more than anyone in my life I love you more than anyone in my life