27 fevereiro, 2008

Previsão Para Amanhã: Logo Se Vê

Não me apetece preocupar com nada nem ninguém. Não quero ter as saudades que tenho de ti. Quero ser irresponsável e mal-criado, quero torcer o nariz às pessoas, quero atirar papéis para o chão e buzinar porque o carro da frente não se mexe. Quero meter a música nas alturas para chatear a vizinha de baixo. Quero que chova. Quero que esteja sol. Quero abanar uma árvore até lhe começarem a cair folhas. Quero cair cansado na relva como quando era pequeno e ficar de barriga para o ar e ficar a olhar as nuvens.

Quanto a amanhã? Logo se vê...



As Músicas
Num tempo em que até o Indie caseiro gravado no quarto lá de casa soa a super-produção financiada pelas editoras em vias de extinção, é sempre bom ver bandas que regressam mais às origens, ao rock crú e à fórmula básica voz + guitarra + baixo + bateria. Os The Whigs gravaram o seu primeiro álbum com equipamento comprado no eBay... e venderam-no logo a seguir para poderem financiar o lançamento independente do álbum. Agora já com uma editora por trás, acabaram de lançar Mission Control de onde vou destacar esta I Got Ideas.






Já considerados a next big thing vinda dos lados britânicos, são os Editors (sem o prefixo “The”, s.f.f.). Depois da alavanca inicial puxada pelos Interpol, muitas bandas tentaram aproximar-se do som dinstinto deles, e os Editors não andarão muito longe dessas bandas, é impossível não os comparar, mas conseguem ter um som próprio apesar disso e, sobretudo, as vocais emblemáticas do Tom Smith que tem tudo para ser tornar no “lider carismático” da banda.


I don’t think that it’s
Gonna rain again today,
There's a devil at your side,
But an angel on the way

Someone hit the light,
Cause there's more here to be seen,
When you caught my eye,
I saw everywhere I'd been

And what I go to...

You came on your own,
And that's how you'll leave,
With hope in your hands,
And air to breathe,

I won’t disappoint you,
As you fall apart,
Some things should be simple,
Even an end has a start,

Someone hit the light,
Cause there's more here to be seen,
When you caught my eye,
I saw everywhere I'd been

And what I go to...

You came on your own,
And that's how you'll leave,
With hope in your hands,
And air to breathe,
You'll lose everything,
But in the end,
Still my broken limbs,
Will find time to mend

More and more people I
Know are getting ill
(Put something good on the,
Ashes now be still)

You came on your own,
That's how you'll leave,
With hope in your hands,
And air to breathe,
You'll lose everything,
But in the end,
Still my broken limbs,
Will find time to mend

You came on your own,
That's how you'll leave,

You came on your own
 

 
     

11 fevereiro, 2008

Os Velhos

O Jardim não era grande, quando muito tinha duas árvores que ainda o fazem sentir um anão, desde o tempo em que era ainda mais pequeno do que um anão, tal era o seu tamanho colossal. Existia apenas um banco de jardim devidamente sentado sobre o caminho de tábuas de madeira roubada de caminhos de ferro, que cortava a relva a meio, com vista para o mar, por entre as rochas.... pelo menos quando o mar batia nas rochas e subia para o ar como se fosse fogo de artifício.

Sentados no banco, estavam dois velhos, um casal, a julgar pela forma como ele lhe segurava a mão e o ombro ao mesmo tempo. Ele, o velho, fazia habilidades com a bengala colorida de desenhos feitos por ela, a velha, enquanto que ela tentava contrariar a lomba acentuada das suas costas recostando-se contra ele.

O velho parou de mastigar em seco e perguntou, na sua voz rouca e seca de garganta já gasta:

"Lembras-te daquela vez que eu perdi as chaves do carro no meio do nada e tivemos que as ir procurar na escuridão de uma noite sem lua, na areia?"

Ela mastigou ainda mais forte em seco para puxar pela memória, que já era fraca quando era nova. Ajustou os óculos e dois caracóis curtos da permanente grisalha coberta de laca super potente para aguentar o penteado que ele, mesmo assim, ainda conseguía destruir. Perguntou finalmente com aquele seu sorriso corega que ainda o tira do sério:

"Qual delas?"




(A propósito de mais uma história para-contar-aos-netinhos-caso-a-memória-não-me-falhe, vivida com a minha querida Joaninha)




A Música
O espírito descontraído de surfista e as músicas sing-along do Jack Johnson não caem nas melhores graças dos críticos que continuam a insistir que não trás nada de novo em termos musicais, que são acordes arcaicos e outras coisas que toda a gente sabe, mas mesmo assim não consigo deixar de gostar do espírito descontraído de surfista e das músicas sing-along acho-que-já-ouvi-isto-em-qualquer-lado. Porque os gostos, tal como o amor, são uma coisa irracional, aqui fica uma música do último álbum do Jack Johnson, que terá ao menos o mérito de ter sido gravado apenas com energia solar!


I can't give you everything you want
But I could give you what you thought you needed.
A map to keep beneath your seat, you've been to me in time I'll get you there.
I fold it up so we don't find our way back soon, nobody knows we are here.

We can park the van and walk to town
Find cheapest bottle of wine that we could find
And talk about the road behind how getting lost is not a waste of time.

The water moor will take us home in the moment we will sing as the forest sleeps.

Well it's all for the sake of arriving with you
Well it's all .. for the sake of arriving with you

I will make the table into a bed
The candle is burning down its time to rest.
I can't take back things already gone, but I could give you promises for keeps.

And I would only take them back if they become your own and you give 'em to me .

And it's all for the sake of arriving with you.
Well it's all for the sake of arriving with you.

We could make this into anything
We could make this into more than words we speak.
This could make us into anything
It could make us grow and become what we'll be.

Mmmmmm ..
How and we will know
It's just like it feels.
 

 
     

05 fevereiro, 2008

Palhaço De Mim Mesmo

Não por ser Carnaval, mas porque há dias em que me sinto um palhaço, e não no sentido depreciativo e quase insultuoso do termo, antes porque sempre achei a figura de palhaço bastante triste, em contradição com o espírito da personagem.

Às vezes, sem que dê por isso, dou por mim com uma peruca colorida, com uma bola vermelha no nariz, com a cara toda branca, à excepção da parte dos lábios (como se fossem pintados de vermelho por uma menina entusiasmada com os batons da mãe), com um laço ridiculamente gigante às bolinhas amarelas, suspensórios largos e sapatos em forma de barbatanas.

Nestes dias troco a minha expressão de criança feliz e maravilhada com o mundo por um arco triste nos lábios e o mesmo olhar perdido no infinito, mas a não pensar em nada. Sinto-me assim, em branco, como se não houvesse passado nem futuro e como se o presente fosse apenas este segundo que já passou.

Quero inventar futuros à pressa e faço desenhos infantis naquele espaço branco que sou, apenas com o sol e duas figuras ridículas de pauzinhos com as mãos dadas, e depois vou a correr para mostrar o desenho, como fazia com o meu pai quando era pequeno, e obtenho a mesma reacção, a mesma frieza, a mesma crítica: porque não está bem desenhado, porque não está proporcional, porque o sol não é daquela cor, porque o traço é feio.

E depois lá volto eu triste para o meu quarto, de cabeça baixa, com o desenho amarrotado numa bola de papel. São os dias em que faço palhaço de mim mesmo, são os dias em que estou triste, porque preciso destes dias para dar valor aos outros.

E tu, porque estás triste?



A Música
Esta música é um clássico ao melhor estilo da Beth Orton, com toda a sua subtileza, onde as letras se parecem fundir com a música com a maior das naturalidades.


She weaves secrets in her hair
The whispers are not hers to share.
She's deep as a well.
She's deep as a well.

Another day wastes away,
And my heart sinks with the sun.
A new day's dawning,
And a new day has not yet begun.

So, anyway,
There I was,
Just sitting on your porch
Drinking in the sweetest decline.
The sweetest decline.
Sober mind

What's the use in regrets
They're just things we haven't done yet.
What are regrets?
They're just lessons we haven't learned yet.

Another day draws away,
And my heart sinks with the sun.
It's like catching snow on my tongue.
It's like catching snow on my tongue.

So, anyway,
There I was,
Just sitting on your porch
Drink in the sweetest decline.
The sweetest decline.
Sober mind

What are regrets?
What are regrets?
They're just lessons we haven't learned yet.
It's like catching snow on your tongue.
You can't pin this butterfly down.
Can't pin this butterfly down.
 

 

 

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