31 maio, 2007

O tempo continua nublado

Estava nevoeiro lá fora, via-se da janela grande. Cá dentro, iluminados por uma lâmpada amarela fraca, íamos conversando sobre algumas coisas menos importantes do que aquelas que me lembro.

Estava nevoeiro à beira dele. Era fumo do cigarro que não se apagava. Ele raramente levava o cigarro à boca. Estava concentrado no que estava a dizer e o que ele estava a dizer era mais ou menos isto: “Negamos que estamos cansados, negamos que estamos assustados, negamos o quanto queremos ter sucesso. E, o mais importante, negamos que estamos em negação. Só vemos aquilo que queremos ver, só acreditamos naquilo em que queremos acreditar, e funciona! Mentimos tanto a nós próprios que passado um tempo as mentiras começam a parecer verdades. Negamos tanto que não conseguimos ver a verdade mesmo à frente dos nossos olhos”.

O nevoeiro acabou por passar, tanto lá fora como cá dentro e só aí é que eu consegui ver que o que eu pensava que era nítido afinal era nevoeiro e o nevoeiro acaba sempre por passar.

Tu és nevoeiro que vai desaparecendo com cada suspiro meu. Não tenho medo do que vou encontrar debaixo do nevoeiro, tens é que deixar de te esconder tanto no nevoeiro para eu te poder ver.



A Música
Há dias em que esta secção dos posts se torna num fardo difícil de suportar, tal como aquela parte no final do telejornal em que os jornalistas são obrigados a dizer como vai ser o tempo no dia a seguir, mesmo não sendo meteorologistas. Pois bem, eu não sou crítico de música, nem muito menos percebo alguma coisa de música, sou apenas uma pessoa normal que gosta de música, porque a música é a forma de arte que melhor consegue reflectir o nosso estado de espírito...


There's a magnet in you
And your crumbling drew
From a love that's not as strong as your own

So your magnetic heart
Takes it to the start
To that California town you call home
When you're all alone

There's a magnet in me
But unfortunately
All it seems to do is repel
Is repel you

So my magnetic heart
Will explain in part
Why I just can't seem to part with you
Can't stop chasing you

I will just head west
Drive through the Midwest
Because I just can't let it be
It's a magnet in me

When I catch up with you
It'll be strange true
But I'll turn you around in the name
Of all I've loved in vain
All my loves in vain
All my loves in vain
 

 
     

29 maio, 2007

O Gato Zé

Adoptei um pequeno gatinho que tinha sido abandonado no caixote do lixo e dei-lhe o nome de Zé, numa pequena homenagem ao meu pai.

O Zé é um traquinas disfarçado de gato pequenito e tímido. Nem quero imaginar como vai ser quando crescer, nem muito menos quero imaginar como vai ser quando chegar a casa com ele… Mas isso são histórias para outro navio!

Por enquanto vou observando a pequena bola de pelo amarelo a dormir ao sol sem grandes preocupações como eu devia estar também…



A Música
Não é segredo de ninguém a minha paixãozinha pela Feist, por isso aqui vai mais uma música dela (ou com ela), desta feita uma versão de uma música antiguinha do também canadiano Ron Sexsmith, Secret Heart, aqui tocada ao vivo... hum... sabe-se lá onde... (Penso que em França). Adoro! Adoro! Adoro! (e o Zé manda dizer que também gosta)


Secret heart, what are you made of
What are you so afraid of
Could it be, three simple words
Or the fear of being overheard

What's wrong
Let 'em in on your secret heart

Secret heart, why so mysterious
Why so sacred, why so serious
Maybe your just acting tough
Or maybe your just not man enough

What’s wrong?
Let 'em in on your secret heart

Is there a secret that you're trying to conceal
Is the very same one that you're dying to reveal
Go tell 'em how you feel

Secret heart, come out and share it
This loneliness, few can bear it
Could it have someting do to with
Admitting that you just can't go through it alone
Let 'em in on your secret heart

Is there a secret that you're trying to conceal
Is the very same one that you're dying to reveal
Go tell 'em how you feel
This very secret heart

Go out and share it
Hmm hmm hmm
This very secret heart


 

 
     

23 maio, 2007

Contos de Embalar

Depois de quase duas horas à espera da cena de perseguição do Bullitt, soube tão bem ir a uma das padarias abertas noite dentro, para estudante ver (hum… e comer), mesmo sabendo que tenho que acordar já daqui a pouco. É terrível para o organismo, mas de vez em quando temos que mimar o lado mais perverso do cérebro!

Na padaria sem quaisquer condições de higiene, a mulher com aspecto de peixeira da lota de Matosinhos ria-se com alguns dos poucos dentes que ainda lhe sobravam e lá nos ia dizendo que já se tinha habituado a este horário estranho de dormir de dia e ficar acordada a noite toda. Quando lhe perguntei se não tinha saudades de tudo o que perde durante o dia, ela apressou-se logo a responder que não, que tinha ali tudo o que precisava e nisto olhou para o marido franzino que vestia uma camisola branca de alças numa noite de frio e que logo lhe lançou um sorriso de puro esmalte, do mais branco branco que alguma vez vi.



A Música
Os Toranja são uma das melhores bandas nacionais com um som muito próprio e letras tão magníficas como esta. E como é magnífica esta letra!


Não posso ser só eu a dar sentido à razão
Vais ter que vir tu e arrancar-me a escuridão
É que ás vezes quem vence fica sempre a perder
Vamos deixar de usar armas no que queremos ser

Mas tens que escrever quem vês em mim
Vais ter que contar quanto dás por nós
Sem mais Contos de embalar

Não podes ser só tu a dar sentido ao buraco
Se não te queres lembrar do que sentiste no fundo
Agora tens que vir tu saciar-me os segredos
Porque é fácil de mais o que me queres vender

Mas tens que escrever quem vês em mim
Vais ter que contar quanto dás por nós
Sem mais Contos de embalar

Mas tens que escrever quem vês em mim
Vais ter que contar quanto dás por nós
Vais ter que despir o que tenho a mais
Por ver sempre tudo a desconstruir
Por cima da raiz que nunca sai
Que volta a crescer por não parar

Que volta a crescer por ser maior
Voltou a crescer sem avisar!
Sem mais Contos de embalar



Um pequeno à parte (ou não)
Porque hoje me veio esta música à cabeça no meio de uma "discussão" com a Joaninha e porque lhe acho uma imensa piada (hum... sim! tanto à música como à Joaninha) aqui fica a versão dos GNR para uma música do Roberto Carlos dedicada a ela (sim, a Joaninha)!


De que vale o céu azul e o sol sempre a brilhar
Se você não vem e eu estou a lhe esperar
Só tenho você no meu pensamento
E a sua ausência é todo o meu tormento
Quero que você me aqueça nesse inverno
E que tudo mais vá pro inferno
De que vale a minha boa vida de playboy
Se entro no meu carro e a solidão me dói
Onde quer que eu ande tudo é tão triste
Não me interessa o que de mais existe
Quero que você me aqueça nesse inverno
E que tudo mais vá pro inferno

Não suporto mais você longe de mim
Quero até morrer do que viver assim
Só quero que você me aqueça nesse inverno
E que tudo mais vá pro inferno
Oh, oh,
E que tudo mais vá pro inferno

Não suporto mais você longe de mim
Quero até morrer do que viver assim
Só quero que você me aqueça nesse inverno
E que tudo mais vá pro inferno
 

 
     

21 maio, 2007

É sempre melhor quando estamos juntos

Podia agora escrever umas palavras tontas mas as palavras hoje parecem-me inúteis para descrever tudo o que quero dizer. Será que uma música consegue?



A Música
Seja como for, é sempre melhor quando estamos juntos, como diz o Jack Johnson, o surfista havaiano que tocava viola nos luaus à noite para passar o tempo e que se fez músico sem ter dado por ela.


There's no combination of words
I could put on the back of a postcard
No song that I could sing
But I can try for your heart
Our dreams and they are made out of real things
Like a shoebox of photographs
With sepia tone loving
Love is the answer
At least for most of the questions in my heart
Like why are we here
And where do we go
And how come we're so hard
It's not always easy
And sometimes life can be deceiving
I'll tell you one thing
It’s always better when we're together

It’s always better when we're together
We'll look at them stars when we're together

And all of these moments
Just might find there way into my dreams tonight
But I know that they'll be gone
When the morning light sings
And brings new things
But tomorrow night you see
That they’ll be gone too
Too many things I have to do
But if all of these dreams
Might find their way
Into my day to day scene
I'll be under the impression
I was somewhere in between
With only two
Just me and you
Not so many things we got to do
Or places we got to be
We'll sit beneath the mango tree

I believe in memories
They look so
So pretty when I sleep
Hey now, and when I wake up
You look so pretty sleeping next to me
But there is not enough time
And there is no song I could sing
And there is no combination of words
I could say
But I will still tell you one thing
We're better together
 

 
     

18 maio, 2007

"hoje estás com a cabeça na lua"

Alimentado por um incenso oriental estranhamente apaziguador suspenso numa batata e depois de um jantar à meia-noite que começou a ser preparado às oito por este cozinheiro que gosta de fazer as coisas devagar, deitei-me no chão e fiquei a olhar o tecto, como faço sempre que quero pensar.

E pensei. Pensei, voltei a pensar, sonhei um bocadinho, passei pelas brasas, tentei ver as horas no relógio que estava escuro demais para ser legível, baixei o volume, subi o volume, mudei de música, mudei de artista e voltei a pensar.

De vez em quando era interrompido pelo pessoal a cravar mais daquele incenso marado que dá uma moca estranha, mas no fundo, fiquei assim por horas, a pensar e a sonhar acordado. Tenho muito que fazer, mas não quero fazer, não quero fazer nada, quero apenas ficar aqui a pensar.

( Enquanto isto, os mosquitos que se aglomeravam à minha janela iam fazendo apostas sobre em que é que estaria a pensar )



A Música
Os Nouvelle Vague são muito mais que apenas uma daquelas banda de covers que actuam em casamentos. Basta ver o trabalho de reconstrução das músicas originais para se ter ideia que estes franceses percebem de música (ao contrário da maioria dos seus conterrâneos). Adoro aquele sotaque, hum, c’est très sensuel!





When Im with you baby, I go out of my head
And I just cant get enough, I just cant get enough
All the things you do to me and everything you said
And I just cant get enough, I just cant get enough

We slip and slide as we fall in love
And I just cant seem to get enough

We walk together, were walking down the street
And I just cant get enough, I just cant get enough
Every time I think of you I know we have to meet
And I just cant get enough, I just cant get enough

Its getting hotter, its our burning love
And I just cant seem to get enough

And when it rains, youre shining down for me
And I just cant get enough, I just cant get enough
Just like a rainbow you know you set me free
And I just cant get enough, I just cant get enough

Youre like an angel and you give me your love
And I just cant seem to get enough


 

 
     

17 maio, 2007

Não chega

Quero mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais!

E tu, queres mais, ou já chega de mim?




A Música
Sou viciado em Badly Drawn Boy e nos seus vídeos cómicos e desastrados, mas seja como for, há sempre uma mensagem a passar em cada música sua, tal como os meus actos, também eles por vezes cómicos, desastrados, ou os dois ao mesmo tempo!




You quiver like a candle on fire
I'm putting you out
Maybe tonight we could be the last shout
But I'm fascinated by your style
Your beauty will last for a while

You're feeling instead of being
The more that I live on the inside
There's nothing to give
I'm infatuated by your moves
I've got to search hard for your clues

I want to repair your desire
And call it a gift
That I stole from just wanting to live
Now I see the vision through your eyes
Your innocence no longer fuels surprise

Trying to outrun your fear
Running to lose
Heart on your sleeve and your sole in your shoes
Take a left,
A sharp left
And another left, meet me on the corner
And we'll start, again.
 

 
     

14 maio, 2007

Anjo caído

Estava na fila para pagar na bomba de gasolina quando uma criança que se empoleirava no braço da mãe, à minha frente, com uns óculos maiores que a cara, me perguntou descaradamente:

- Estás triste?

Fiquei surpreendido e atrapalhado ao mesmo tempo mas tentei disfarçar com um sorriso trapalhão e uma pergunta infantil.

- Pareço triste?

Ela sorriu já sem o dente que havia perdido na noite anterior, evitando responder.

- Eu quando estou triste gosto que a minha mãe me conte uma história!

- A minha mãe não tem tempo para me contar histórias… - disse eu, ainda desanimado.

- Queres que eu peça à minha para te contar uma?

E nisto começou a puxar pela camisola da mãe que esperava impacientemente na fila que não se mexia. Eu disfarcei com um sorriso com todos os dentes que tenho e uma coçadela em seco na cabeça, qual desenho animado japonês.

A mãe dela não percebeu e apenas resmungou um: “vá lá, deixa o senhor em paz!”, como todos os pais fazem, partindo do princípio que as crianças só saem à rua para chatear as outras pessoas e não para lhes trazer sorrisos mesmo quando não lhes apetece sorrir.

E assim correu o dia em que não me apeteceu sorrir muito, nem chamar nomes a músicos foleiros, nem cantar músicas tradicionais da Croácia, nem correr atrás de pombos, nem dançar ao som dos ruídos da cidade.

Estou fechado para manutenção, volto amanhã, o dia em que vou voltar a sorrir com tudo e com todos, mesmo apesar de tudo o que vai mal no mundo.



A Música
O Finlay Quaye é um músico britânico que sempre foi um caso à parte no panorama musical daquelas terras frias com água a escorrer por todos os lados, com os seus sons quentes capazes de reconfortar até a mais fria das almas.


Even after all
The murdering
Even after all
You're suffering sow
You know I love you so
You know I love you so and so

Even after all

All that you go on.... sir
Is the order of the day
And all that you believe... sir
Is the order in this society
You know I love you so
You know I love you so and so

Even after all

This is my manner y'all
Man just feel satisfied
No competition
No competition at all
I just feel satta star

Them eyes are gorgeous girl
No demise, uprise
I got to raise it again
Them eyes are gorgeous
I must advance

I don't check for no superficial
It's got to be beneficial

These sonic fruits
These sonic fruits
Sight
These sonic fruits
Got them moving around alright
Hyper play
Steppin' and rising

Even after all
The murdering that go on
Even after all oh no
Your suffering sow
You know I love you so
You know I love you so and so

Even after all

You just survive soldier
And your soul is beautiful
And your soul is good
 

 
     

07 maio, 2007

Como uma lágrima no canto do olho

Sabem aqueles momentos em que rimos tanto que até ficamos com lágrimas nos olhos? Sim, aqueles momentos que mais tarde ficam na memória como os “bons velhos tempos”. Estes últimos dias têm sido assim, cheios de lágrimas nos cantos dos olhos e memórias novas para o cérebro!




A Música
O que dizer sobre Bonga? Não existem palavras para descrever o génio de voz rouca e sorriso de orelha a orelha... E vai uma festa com o Semba de Bonga e decoração a condizer!


Tenho uma lágrima no canto do olho

Avozinha está sozinha
A ver a morte aproximar
Sacrifícios aumentando
E Redobra o nosso parecer

Tenho uma lágrima no canto do olho

Se um dia a mais
Se um dia ao menos
Pudessem ver e ter
Na corrida para o poder
Primeiro o pão para se comer

Tenho uma lágrima no canto do olho

Velhos e velhas chorando
Da alegria passageira
Com a promessa da conversa
Dos homens da nossa terra

Tenho uma lágrima no canto do olho

Velhos outrora respeitados
Era assim nos outros tempos
Hoje a amizade e a família
São manobrados pelo contexto

Tenho uma lágrima no canto do olho

Os velhos morreram cedo
Os filhos irão também
Filhos pequenos estão com medo
Da Situação que se mantém

Tenho uma lágrima no canto do olho

Olhos castiços embaciados
Olhos vorados comendo tudo
Olhos doentes empobrecidos
Olhos molhados emancipados

Tenho uma lágrima no canto do olho
 

 

 

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