11 fevereiro, 2008

Os Velhos

O Jardim não era grande, quando muito tinha duas árvores que ainda o fazem sentir um anão, desde o tempo em que era ainda mais pequeno do que um anão, tal era o seu tamanho colossal. Existia apenas um banco de jardim devidamente sentado sobre o caminho de tábuas de madeira roubada de caminhos de ferro, que cortava a relva a meio, com vista para o mar, por entre as rochas.... pelo menos quando o mar batia nas rochas e subia para o ar como se fosse fogo de artifício.

Sentados no banco, estavam dois velhos, um casal, a julgar pela forma como ele lhe segurava a mão e o ombro ao mesmo tempo. Ele, o velho, fazia habilidades com a bengala colorida de desenhos feitos por ela, a velha, enquanto que ela tentava contrariar a lomba acentuada das suas costas recostando-se contra ele.

O velho parou de mastigar em seco e perguntou, na sua voz rouca e seca de garganta já gasta:

"Lembras-te daquela vez que eu perdi as chaves do carro no meio do nada e tivemos que as ir procurar na escuridão de uma noite sem lua, na areia?"

Ela mastigou ainda mais forte em seco para puxar pela memória, que já era fraca quando era nova. Ajustou os óculos e dois caracóis curtos da permanente grisalha coberta de laca super potente para aguentar o penteado que ele, mesmo assim, ainda conseguía destruir. Perguntou finalmente com aquele seu sorriso corega que ainda o tira do sério:

"Qual delas?"




(A propósito de mais uma história para-contar-aos-netinhos-caso-a-memória-não-me-falhe, vivida com a minha querida Joaninha)




A Música
O espírito descontraído de surfista e as músicas sing-along do Jack Johnson não caem nas melhores graças dos críticos que continuam a insistir que não trás nada de novo em termos musicais, que são acordes arcaicos e outras coisas que toda a gente sabe, mas mesmo assim não consigo deixar de gostar do espírito descontraído de surfista e das músicas sing-along acho-que-já-ouvi-isto-em-qualquer-lado. Porque os gostos, tal como o amor, são uma coisa irracional, aqui fica uma música do último álbum do Jack Johnson, que terá ao menos o mérito de ter sido gravado apenas com energia solar!


I can't give you everything you want
But I could give you what you thought you needed.
A map to keep beneath your seat, you've been to me in time I'll get you there.
I fold it up so we don't find our way back soon, nobody knows we are here.

We can park the van and walk to town
Find cheapest bottle of wine that we could find
And talk about the road behind how getting lost is not a waste of time.

The water moor will take us home in the moment we will sing as the forest sleeps.

Well it's all for the sake of arriving with you
Well it's all .. for the sake of arriving with you

I will make the table into a bed
The candle is burning down its time to rest.
I can't take back things already gone, but I could give you promises for keeps.

And I would only take them back if they become your own and you give 'em to me .

And it's all for the sake of arriving with you.
Well it's all for the sake of arriving with you.

We could make this into anything
We could make this into more than words we speak.
This could make us into anything
It could make us grow and become what we'll be.

Mmmmmm ..
How and we will know
It's just like it feels.

2 COMENTÁRIOS:

Anonymous Anónimo disse...

é bom que me peças sempre para guardar as chaves na carteira
uma questão de precaução, a sério que não estou a tentar dizer que és distraído...

(gostei especialmente do joaninha escrito com as cores das joaninhas)

beijo*

12/2/08 18:54  
Blogger João Esquimó disse...

Onde é que andaste a minha vida toda? Tantos anos a perder-me e a ficar preso fora de casa por não ter chaves.

Para bem era andares sempre atrás de mim para guardares as coisas que eu perco e para me lembrares do que me esqueço, como uma mordoma pessoal (se é que essa palavra existe no feminino)

O que vale é que eu não sou distraído nem cabeça no ar ;)

Beijos com asteriscos, caramelo e ananás!!!!

13/2/08 02:36  

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