Preso Na Cena Da Cave Subterrânea Do Vilão De Um Filme Do James Bond
Quando dei por mim estava a descer as escadas secretas para entrar na cave subterrânea do vilão de um filme do James Bond, depois de ter passado a porta com o sinal: "Acesso Proibido a Pessoas Estranhas". Não sei se me consideram a mim uma pessoa estranha ou não, mas lá entrei.
Já no piso -2, depois de percorrer metros de corredores estreitos preenchidos por tubos pendurados no tecto, encontrei uma senhora a mexer nuns botões numa caixa que parecia controlar o lançamento dos mísseis nucleares do vilão que quer controlar o mundo a todo o custo, para... hum... porque é que eles querem controlar o mundo? Deve ser uma chatice essa coisa de controlar o mundo todo, depois ficam sem tem para nada.
Aproximei-me da senhora com aspecto ameaçador ao longe, que logo se transformou numa velhinha dócil e simpática ao perto e que me disse na sua voz mais simpática de desenho animado, perante o meu ar perplexo: "Estou a desligar a água da piscina dos pequenotes".
Tirei o casaco (nunca pensei que estes sítios fossem tão quentes e acolhedores, pensei que seriam mais frios e sombrios) e segui a senhora até à sua secretária deserta, com uns armários brancos fechados atrás dela, por mais cliché que pareça. Sentou-se na cadeira preta com rodinhas e chegou-se a uma gaveta, depois de colocar os óculos mesmo na ponta do nariz e de ter tirado a chave minúscula da gaveta de um molho de chaves que, se fosse meu, faria com que ficasse à porta de casa todos os dias, pois nunca conseguiria encontrar uma chave no meio de tantas outras exactamente iguais.
Esboçou um sorriso ainda mais simpático e tirou da gaveta uma pequena lata redonda, azul, e com desenhos de bolachinhas inglesas na tampa. Pensei para mim: "É desta, vai tirar uma pistola dali e vai-me obrigar a cantar o fado!". Mas não, tirou apenas uma bolachina em forma de flor, com uma rodinha vermelha no centro e apontou-a para mim.
Aceitei-a com todo o agrado e meti-a à boca, logo fingindo que era a primeira vez que comia uma bolacha daquelas, como se aquela fosse a melhor bolacha do mundo e não mostrando que tinha medo que a parte vermelha estivesse envenenada com Polónio 210, aquele veneno radioactivo que os russos usam para matar os seus próprios espiões.
Ela voltou a meter a mão na gaveta. Imaginei que fosse desta que ela fosse tirar de lá uma pistola, um velho truque dos vilões, primeiro faz-me sentir à vontade e depois apunhala-me nas costas. Tirou umas facas finas e pontiagudas, com as quais começou a fazer crochet.
"Vou fazendo isto às escondidas, sabe? É que se o engenheiro me apanha, começa logo a relatar", e quando disse "engenheiro" com uma entoação de perigo, olhou pelo canto superior direito dos seus olhos, apontando para o corredor de tubos que se erguia atrás de si.
Alguém tocou-me no ombro, e foi aí que me apercebi que estava a ver as coisas pelo prisma errado, ela era a velhotinha simpática, mas que parvo, não ia ser ela a sujar as mãos, deviam ser os guarda-costas corpulentos dela que agora me iam torturar até eu lhes dizer onde é que escondi os códigos de lançamento.
"João... João!", gritou alguém, "Deixa-te de coisas, vamos lá acabar o vídeo!".
"Obrigado pela bolacha, tenho que voltar ao trabalho!", disse à senhora simpática que controla os botões que controlam a água da piscina das crianças e que só queria fazer o seu crochet sem que o “engenheiro” a chateasse.
A Música
Os Air (aparentemente um acrónimo para Amour, Imagination, Rêve) revolucionaram o downtempo ou trip hop ou electónica, ou como lhe queiram chamar, há 10 anos atrás, em 1998 com o fabuloso Moon Safari, considerado por muitos críticos como o melhor álbum da década de 90. Em 2001 regressaram com 10,000 Hz Legend de onde tirei este How Does It Make You Feel, a história de uma máquina apaixonada por outra máquina e que não compreende bem os sentimentos dessa outra máquina.
(O vídeo é também uma obra de arte absolutamente genial: YouTube)
I am feeling very warm right now
Please don't disappear
I am spacing out with you
You are the most beautiful entity that I've ever dreamed of
At night I will protect you in your dreams
I will be your angel
You worry so much about not having enough time together
It makes no difference to me
I would be happy with just one minute in your arms
Let's have an extended play together
You're telling me that we live to far to love each other
But your love can stretch further than you and I can see
So how does it make you feel?
How does it make you feel?
How does it make you feel?
How does it make you feel?
How does it make you feel?
Do you know when you look at me
It is a salvation
I've been waiting for you so long
I can drive on that road forever
I wish you could exist to live on my planet
Well it's very hard for me to say these things in your presence
So how does it make you feel?
How does it make you feel?
How does it make you feel?
How does it make you feel?
How does it make you feel?
So how does it make you feel?
Well,I really think you should quit smoking
Já no piso -2, depois de percorrer metros de corredores estreitos preenchidos por tubos pendurados no tecto, encontrei uma senhora a mexer nuns botões numa caixa que parecia controlar o lançamento dos mísseis nucleares do vilão que quer controlar o mundo a todo o custo, para... hum... porque é que eles querem controlar o mundo? Deve ser uma chatice essa coisa de controlar o mundo todo, depois ficam sem tem para nada.
Aproximei-me da senhora com aspecto ameaçador ao longe, que logo se transformou numa velhinha dócil e simpática ao perto e que me disse na sua voz mais simpática de desenho animado, perante o meu ar perplexo: "Estou a desligar a água da piscina dos pequenotes".
Tirei o casaco (nunca pensei que estes sítios fossem tão quentes e acolhedores, pensei que seriam mais frios e sombrios) e segui a senhora até à sua secretária deserta, com uns armários brancos fechados atrás dela, por mais cliché que pareça. Sentou-se na cadeira preta com rodinhas e chegou-se a uma gaveta, depois de colocar os óculos mesmo na ponta do nariz e de ter tirado a chave minúscula da gaveta de um molho de chaves que, se fosse meu, faria com que ficasse à porta de casa todos os dias, pois nunca conseguiria encontrar uma chave no meio de tantas outras exactamente iguais.
Esboçou um sorriso ainda mais simpático e tirou da gaveta uma pequena lata redonda, azul, e com desenhos de bolachinhas inglesas na tampa. Pensei para mim: "É desta, vai tirar uma pistola dali e vai-me obrigar a cantar o fado!". Mas não, tirou apenas uma bolachina em forma de flor, com uma rodinha vermelha no centro e apontou-a para mim.
Aceitei-a com todo o agrado e meti-a à boca, logo fingindo que era a primeira vez que comia uma bolacha daquelas, como se aquela fosse a melhor bolacha do mundo e não mostrando que tinha medo que a parte vermelha estivesse envenenada com Polónio 210, aquele veneno radioactivo que os russos usam para matar os seus próprios espiões.
Ela voltou a meter a mão na gaveta. Imaginei que fosse desta que ela fosse tirar de lá uma pistola, um velho truque dos vilões, primeiro faz-me sentir à vontade e depois apunhala-me nas costas. Tirou umas facas finas e pontiagudas, com as quais começou a fazer crochet.
"Vou fazendo isto às escondidas, sabe? É que se o engenheiro me apanha, começa logo a relatar", e quando disse "engenheiro" com uma entoação de perigo, olhou pelo canto superior direito dos seus olhos, apontando para o corredor de tubos que se erguia atrás de si.
Alguém tocou-me no ombro, e foi aí que me apercebi que estava a ver as coisas pelo prisma errado, ela era a velhotinha simpática, mas que parvo, não ia ser ela a sujar as mãos, deviam ser os guarda-costas corpulentos dela que agora me iam torturar até eu lhes dizer onde é que escondi os códigos de lançamento.
"João... João!", gritou alguém, "Deixa-te de coisas, vamos lá acabar o vídeo!".
"Obrigado pela bolacha, tenho que voltar ao trabalho!", disse à senhora simpática que controla os botões que controlam a água da piscina das crianças e que só queria fazer o seu crochet sem que o “engenheiro” a chateasse.
A Música
Os Air (aparentemente um acrónimo para Amour, Imagination, Rêve) revolucionaram o downtempo ou trip hop ou electónica, ou como lhe queiram chamar, há 10 anos atrás, em 1998 com o fabuloso Moon Safari, considerado por muitos críticos como o melhor álbum da década de 90. Em 2001 regressaram com 10,000 Hz Legend de onde tirei este How Does It Make You Feel, a história de uma máquina apaixonada por outra máquina e que não compreende bem os sentimentos dessa outra máquina.
(O vídeo é também uma obra de arte absolutamente genial: YouTube)
I am feeling very warm right now
Please don't disappear
I am spacing out with you
You are the most beautiful entity that I've ever dreamed of
At night I will protect you in your dreams
I will be your angel
You worry so much about not having enough time together
It makes no difference to me
I would be happy with just one minute in your arms
Let's have an extended play together
You're telling me that we live to far to love each other
But your love can stretch further than you and I can see
So how does it make you feel?
How does it make you feel?
How does it make you feel?
How does it make you feel?
How does it make you feel?
Do you know when you look at me
It is a salvation
I've been waiting for you so long
I can drive on that road forever
I wish you could exist to live on my planet
Well it's very hard for me to say these things in your presence
So how does it make you feel?
How does it make you feel?
How does it make you feel?
How does it make you feel?
How does it make you feel?
So how does it make you feel?
Well,I really think you should quit smoking
5 COMENTÁRIOS:
consegues sempre transformar histórias banais nisto
pareces mesmo um menino com imaginação de alifante, sempre a imaginar coisas!
oh e a históriazinha sobre o robozinho que não sabe se é amado
oh que giro
beijo beijo
Até nem gostava da música. Aprendi a gostar com o vídeo e com o teu post. Está qualquer coisa o vídeo. Adoro a resposta dela "I really think you should quit smoking.
Beijo*****!
hey... a parte em que a senhora diz "são 2 euros", e tu..."2 euros?" e ela "sim!"
já não és o mesmo...onde está o joãozinho?o que fizeste ao joãozinho?
cá para mim um dos botões da máquina era para te controlar a ti.
(sem riso sarcástico)
asterisco!
Excelente blog. Excelentes selecçoes musicais. Excelentes textos.
Excelente
Ana,
A história do robozinho não é pessoal, escusas de estar a fazer novelas à volta disso, só achei piada ao pormenor dos robozinhos apaixonados, ou ao facto das máquinas também se poderem apaixonar.
E aí entram grandes questões filosóficas às quais eu não sei responder...
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Lara Marosca,
Eu também adoro o vídeo! No início há aquela sensação: "uau! ok, está diferente, mas já estou a ver o final da história", mas tem uma perversãozinha no final.
Alguém disse à cerca da frase "I really think you should quit smoking" que se calhar não era assim tão maliciosa ou desinteressada quanto isso, se calhar é ela a ser máquina e a ser cuidadosa com ele, está preocupada com a saúde dele porque gosta dele, ou então só não gosta do cheiro a tabaco quando está com ele.
lolol
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Joana,
Mas a senhora não me tentou vender nada. Porque estar a dizer isso? Não desconfiar você de mim, eu ser João, eu sou programado para ser feliz (referência infeliz àquela música dos Ornatos... ai, não gozes, eu estou com sono e tu já estás a dormir)
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André,
Muito obrigado pelo comentário, fico feliz por gostares deste meu pequeno espaço!
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Beijos e abraços!!
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