Insónias E Os Sonhos Que Ficam Por Sonhar
Não existem muitas coisas que me tiram o sono, e menos ainda são as que me tiram do sono, mas de vez em quando lá sou visitado por essas musas desinspiradoras chamadas Insónias que me roubam o sono e que me põem a pensar em tudo e mais alguma coisa enquanto espero que o João (o Pestana) chegue finalmente.
Vou-me deixando estar aqui vendo as horas passar no minúsculo relógio colocado na parte superior direita do monitor e tento a imaginar a Lua que deve estar algures atrás do denso nevoeiro que me entra pelos ossos adentro mesmo apesar das camadas absurdas de roupa que ainda assim me fazem sentir nu.
Hoje sonhei com ela (a Lua) e como sei que a minha memória se vai esquecer daqueles dois minutos que foi o sonho dela, quis deixar aqui uma nota de rodapé, para não me esquecer, ao menos, que sonhei com ela...
As Músicas
O Pedro Abrunhosa e este álbum Viagens em particular marcaram-me profundamente porque foi da primeira música que ouvi e que hoje ainda consigo ouvir. Tinha 10 anos quando este homem misterioso, sempre e invariavelmente de óculos de sol, começou a causar polémica e não apenas no meio musical. Ainda hoje não é consensual, algumas pessoas gostam, outras não gostam, outras já gostaram e outras começam a gostar. Eu gosto.
Mais um dia que acaba
E a cidade parece dormir,
Da janela vejo a luz que bate no chão
E penso em te possuir.
Noite após noite, há já muito tempo,
Saio sem saber para onde vou,
Chamo por ti, na sombra das ruas,
Mas só a lua sabe quem eu sou.
Lua, lua,
Eu quero ver o teu brilhar,
Lua, lua, lua,
Eu quero ver o teu sorrir.
Leva-me contigo,
Mostra-me onde estas,
É que o pior castigo
É viver assim, sem luz nem paz,
Sozinho com o peso do caminho
Que se fez para trás...
Lua, eu quero ver o teu brilhar,
No luar, no luar.
Homens de chapéu e cigarros compridos
Vagueiam pelas ruas com olhares cheios de nada,
Mulheres meio despidas encostadas à parede
Fazem-me sinais que finjo não entender.
Loucas são as noites, que passo sem dormir,
Loucas são as noites.
Os bares estão fechados já não há onde beber,
Este silencio escuro não me deixa adormecer.
Loucas são as noites.
Não há saudade sem regresso, não há noites sem madrugada,
Ouço ao longe as guitarras, nas quais vou partir,
Na névoa construo a minha estrada.
Loucas são as noites, que passo sem dormir,
loucas são as noites.
Loucas são as noites, que passo sem dormir,
loucas são as noites...
Tenho seguido atentamente a carreira da Cristina Branco desde que a minha irmã me falou dela há uns anos atrás. Desde então esta fadista diferente tem-me encantado aqui e ali com a qualidade brilhante das suas músicas. Agora decidiu fazer uma homenagem a Zeca Afonso com interpretações das músicas dele com dois toques de Jazz e música tradicional com aquela voz arrepiante dela!
Aldeia da Meia Praia
Ali mesmo ao pé de Lagos
Vou fazer-te uma cantiga
Da melhor que sei e faço
De Montegordo vieram
Alguns por seu próprio pé
Um chegou de bicicleta
Outro foi de marcha à ré
Quando os teus olhos tropeçam
No voo de uma gaivota
Em vez de peixe vê pecas de oiro
Caindo na lota
Quem aqui vier morar
Não traga mesa nem cama
Com sete palmos de terra
Se constrói uma cabana
Tu trabalhas todo o ano
Na lota deixam-te mudo
Chupam-te até ao tutano
Levam-te o couro cabeludo
Quem dera que a gente tenha
De Agostinho a valentia
Para alimentar a sanha
De esganar a burguesia
Adeus disse a Montegordo
Nada o prende ao mal passado
Mas nada o prende ao presente
Se só ele é o enganado
Oito mil horas contadas
Laboraram a preceito
Até que veio o primeiro
Documento autenticado
Eram mulheres e crianças
Cada um com o seu tijolo
Isto aqui era uma orquestra
quem diz o contrario é tolo
E se a ma língua não cessa
Eu daqui vivo não saia
Pois nada apaga a nobreza
Dos índios da Meia-Praia
Foi sempre tua figura
Tubarão de mil aparas
Deixas tudo à dependura
Quando na presa reparas
Das eleições acabadas
Do resultado previsto
Saiu o que tendes visto
Muitas obras embargadas
Mas não por vontade própria
Porque a luta continua
Pois é dele a sua história
E o povo saiu à rua
Mandadores de alta finança
Fazem tudo andar para trás
Dizem que o mundo só anda
Tendo à frente um capataz
Eram mulheres e crianças
Cada um com o seu tijolo
Isto aqui era uma orquestra
Que diz o contrario é tolo
E toca de papelada
No vaivém dos ministérios
Mas hão-de fugir aos berros
Inda a banda vai na estrada
Claro que nada pode fazer esquecer o mestre original, o senhor que dedicou a sua vida a combater os males do seu tempo com a melhor arma que tinha à mão e à garganta. Deixo-vos com esta balada tão simples e tão genial, escrita em 1982 por aquele que foi também um mestre do fado de Coimbra: José Afonso.
Dorme meu menino a estrela dàlva
Já a procurei e não a vi
Se ela não vier de madrugada
Outra que eu souber será pra ti
Outra que eu souber na noite escura
Sobre o teu sorriso de encantar
Ouvirás cantando nas alturas
Trovas e cantigas de embalar
Trovas e cantigas muito belas
Afina a garganta meu cantor
Quando a luz se apaga nas janelas
Perde a estrela d'alva o seu fulgor
Perde a estrela d'alva pequenina
Se outra não vier para a render
Dorme quinda à noite é muito menina
Deixa-a vir também adormecer
Vou-me deixando estar aqui vendo as horas passar no minúsculo relógio colocado na parte superior direita do monitor e tento a imaginar a Lua que deve estar algures atrás do denso nevoeiro que me entra pelos ossos adentro mesmo apesar das camadas absurdas de roupa que ainda assim me fazem sentir nu.
Hoje sonhei com ela (a Lua) e como sei que a minha memória se vai esquecer daqueles dois minutos que foi o sonho dela, quis deixar aqui uma nota de rodapé, para não me esquecer, ao menos, que sonhei com ela...
As Músicas
O Pedro Abrunhosa e este álbum Viagens em particular marcaram-me profundamente porque foi da primeira música que ouvi e que hoje ainda consigo ouvir. Tinha 10 anos quando este homem misterioso, sempre e invariavelmente de óculos de sol, começou a causar polémica e não apenas no meio musical. Ainda hoje não é consensual, algumas pessoas gostam, outras não gostam, outras já gostaram e outras começam a gostar. Eu gosto.
Mais um dia que acaba
E a cidade parece dormir,
Da janela vejo a luz que bate no chão
E penso em te possuir.
Noite após noite, há já muito tempo,
Saio sem saber para onde vou,
Chamo por ti, na sombra das ruas,
Mas só a lua sabe quem eu sou.
Lua, lua,
Eu quero ver o teu brilhar,
Lua, lua, lua,
Eu quero ver o teu sorrir.
Leva-me contigo,
Mostra-me onde estas,
É que o pior castigo
É viver assim, sem luz nem paz,
Sozinho com o peso do caminho
Que se fez para trás...
Lua, eu quero ver o teu brilhar,
No luar, no luar.
Homens de chapéu e cigarros compridos
Vagueiam pelas ruas com olhares cheios de nada,
Mulheres meio despidas encostadas à parede
Fazem-me sinais que finjo não entender.
Loucas são as noites, que passo sem dormir,
Loucas são as noites.
Os bares estão fechados já não há onde beber,
Este silencio escuro não me deixa adormecer.
Loucas são as noites.
Não há saudade sem regresso, não há noites sem madrugada,
Ouço ao longe as guitarras, nas quais vou partir,
Na névoa construo a minha estrada.
Loucas são as noites, que passo sem dormir,
loucas são as noites.
Loucas são as noites, que passo sem dormir,
loucas são as noites...
Tenho seguido atentamente a carreira da Cristina Branco desde que a minha irmã me falou dela há uns anos atrás. Desde então esta fadista diferente tem-me encantado aqui e ali com a qualidade brilhante das suas músicas. Agora decidiu fazer uma homenagem a Zeca Afonso com interpretações das músicas dele com dois toques de Jazz e música tradicional com aquela voz arrepiante dela!
Aldeia da Meia Praia
Ali mesmo ao pé de Lagos
Vou fazer-te uma cantiga
Da melhor que sei e faço
De Montegordo vieram
Alguns por seu próprio pé
Um chegou de bicicleta
Outro foi de marcha à ré
Quando os teus olhos tropeçam
No voo de uma gaivota
Em vez de peixe vê pecas de oiro
Caindo na lota
Quem aqui vier morar
Não traga mesa nem cama
Com sete palmos de terra
Se constrói uma cabana
Tu trabalhas todo o ano
Na lota deixam-te mudo
Chupam-te até ao tutano
Levam-te o couro cabeludo
Quem dera que a gente tenha
De Agostinho a valentia
Para alimentar a sanha
De esganar a burguesia
Adeus disse a Montegordo
Nada o prende ao mal passado
Mas nada o prende ao presente
Se só ele é o enganado
Oito mil horas contadas
Laboraram a preceito
Até que veio o primeiro
Documento autenticado
Eram mulheres e crianças
Cada um com o seu tijolo
Isto aqui era uma orquestra
quem diz o contrario é tolo
E se a ma língua não cessa
Eu daqui vivo não saia
Pois nada apaga a nobreza
Dos índios da Meia-Praia
Foi sempre tua figura
Tubarão de mil aparas
Deixas tudo à dependura
Quando na presa reparas
Das eleições acabadas
Do resultado previsto
Saiu o que tendes visto
Muitas obras embargadas
Mas não por vontade própria
Porque a luta continua
Pois é dele a sua história
E o povo saiu à rua
Mandadores de alta finança
Fazem tudo andar para trás
Dizem que o mundo só anda
Tendo à frente um capataz
Eram mulheres e crianças
Cada um com o seu tijolo
Isto aqui era uma orquestra
Que diz o contrario é tolo
E toca de papelada
No vaivém dos ministérios
Mas hão-de fugir aos berros
Inda a banda vai na estrada
Claro que nada pode fazer esquecer o mestre original, o senhor que dedicou a sua vida a combater os males do seu tempo com a melhor arma que tinha à mão e à garganta. Deixo-vos com esta balada tão simples e tão genial, escrita em 1982 por aquele que foi também um mestre do fado de Coimbra: José Afonso.
Dorme meu menino a estrela dàlva
Já a procurei e não a vi
Se ela não vier de madrugada
Outra que eu souber será pra ti
Outra que eu souber na noite escura
Sobre o teu sorriso de encantar
Ouvirás cantando nas alturas
Trovas e cantigas de embalar
Trovas e cantigas muito belas
Afina a garganta meu cantor
Quando a luz se apaga nas janelas
Perde a estrela d'alva o seu fulgor
Perde a estrela d'alva pequenina
Se outra não vier para a render
Dorme quinda à noite é muito menina
Deixa-a vir também adormecer
2 COMENTÁRIOS:
não achas que deviamos acordar ao fim de cada sonho para poder apontar tudo num caderninho?(tal como a minha redação/relato da primária)
eu tb tenho memória de piriquito ganzado... e se não fossem estas coisas giras dos blogs já n m lembrava d metade das coisas que me aconteceram nos ultimos anos.
não,ainda não me contaste a história da sapatilha.
um asterisco minúsculo.
Eu até tenho sempre um caderninho à mão, mas quando acordo ou me esqueço imediatamente do que estava a sonhar (por causa do Gnomo que rouba as memórias dos sonhos) ou então fico tão... hum... a sonhar acordado, que me esqueço de o apontar.
Asterisco maiúsculo!
(vai lá brincar com o Floks)
Enviar um comentário
<< Voltar