O Homem Que Estava Sempre A Sorrir
Eu não estava num daqueles dias particularmente felizes, especialmente porque sentia as mãos frias, provavelmente por não ter onde as aquecer, até já pensei em arranjar umas daquelas luvas que não têm sítio para todos os dedos (só têm um sítio para o polegar e outro para o resto dos dedos) só para sentir as mãos presas, como se alguém as estivesse a apertar, a amarrar, a acariciar.
Tirei a cara do chão para não ser atropelado ao atravessar a rua e foi aí que o Homem Que Estava Sempre A Sorrir não parou de sorrir ao parar o carro para me deixar passar. Não pude deixar de sorrir para o homem, foi uma coisa mais forte que eu, irracional. De repente senti toda uma empatia com aquele homem que não parava de sorrir, vá-se lá saber porquê.
Passei a enorme praça com os olhos postos nas pequenas pedras brancas e azuis que constituem a calçada portuguesa. Tinham desenhos, sei que tinham, mas não reparei neles, só reparei nas pequenas pedrinhas de cores diferentes. É um dos meus defeitos, fico tão obcecado com todos os pequenos detalhes que acabo por me esquecer dos detalhes maiores que compõem esses mais pequenos.
Parei novamente para atravessar a outra rua e lá estava ele outra vez, o Homem Que Estava Sempre A Sorrir voltou a parar na outra rua para eu passar e não parava de sorrir.
Mais tarde vim a descobrir que o seu sorriso não era voluntário, o Homem Que Estava Sempre A Sorrir teve uma trombose (tromboembolia) e, em vez de ficar com uma paralisia estranha, ficou com um sorriso permanente na cara!
Hoje pareceu-me ser o primeiro dia de Outono a sério e não consegui também parar de sorrir ao ver as folhas castanhas a cair ainda mais frequentemente, com o peso da água da chuva a deitá-las abaixo e o vento a atirá-las à minha cara.
A Música
Não pude deixar de resistir a esta música daquele que é, para mim, o melhor álbum de 2007 (e não me estou só a referir aos Portugueses). O Tiago Bettencourt fez uma pausa (definitiva?) dos Toranja para nos oferecer este FABULOSO O Jardim. Dizem por aí (como se isso fosse dar mais credibilidade ao álbum) que foi gravado no mesmo estúdio onde os Arcade Fire gravaram a obra prima Funeral e também com a ajuda do ex-Arcade Fire Howard Billerman que produziu esse primeiro álbum.
Hoje, só por ser Outono, vou chamar-te "meu amor"
Contra as regras do que somos, vou chamar-te "meu amor"
Hoje só por ser diferente te encontrar
É tanto o fado contra nós
Mas nem por isso estamos sós
E embora fique tanto por contar
Hoje, só por ser Outono, vou...
Entre dentes, entre a fuga, vou chamar-te meu amor
Enquanto não se encontra forma, vou chamar-te "meu amor”"
Entre gente que é demais e tão pequena para saber
Que é tanto vento a favor
Mas tão pouco o espaço para a dor
Só pode ficar tudo por contar...
Hoje, só por ser Outono, vou...
E há flores e há cores e há folhas no chão
que podem não voltar...
que podem não voltar.
mas é eterno em nós
e não vai sair...
Desce o tempo e a noite vem lembrar que as tuas mãos também
já não são de nós para ficar
Por ser tanto quanto somos
Certo quando vemos
Calmo quando queremos
Hoje só por ser Outono, vou...
(O frio tem um romantismo especial que o calor, com todos os seus clichés, não consegue atingir. O Inverno arrefece-nos e um simples toque aquece, mais por dentro que por fora)
Tirei a cara do chão para não ser atropelado ao atravessar a rua e foi aí que o Homem Que Estava Sempre A Sorrir não parou de sorrir ao parar o carro para me deixar passar. Não pude deixar de sorrir para o homem, foi uma coisa mais forte que eu, irracional. De repente senti toda uma empatia com aquele homem que não parava de sorrir, vá-se lá saber porquê.
Passei a enorme praça com os olhos postos nas pequenas pedras brancas e azuis que constituem a calçada portuguesa. Tinham desenhos, sei que tinham, mas não reparei neles, só reparei nas pequenas pedrinhas de cores diferentes. É um dos meus defeitos, fico tão obcecado com todos os pequenos detalhes que acabo por me esquecer dos detalhes maiores que compõem esses mais pequenos.
Parei novamente para atravessar a outra rua e lá estava ele outra vez, o Homem Que Estava Sempre A Sorrir voltou a parar na outra rua para eu passar e não parava de sorrir.
Mais tarde vim a descobrir que o seu sorriso não era voluntário, o Homem Que Estava Sempre A Sorrir teve uma trombose (tromboembolia) e, em vez de ficar com uma paralisia estranha, ficou com um sorriso permanente na cara!
Hoje pareceu-me ser o primeiro dia de Outono a sério e não consegui também parar de sorrir ao ver as folhas castanhas a cair ainda mais frequentemente, com o peso da água da chuva a deitá-las abaixo e o vento a atirá-las à minha cara.
A Música
Não pude deixar de resistir a esta música daquele que é, para mim, o melhor álbum de 2007 (e não me estou só a referir aos Portugueses). O Tiago Bettencourt fez uma pausa (definitiva?) dos Toranja para nos oferecer este FABULOSO O Jardim. Dizem por aí (como se isso fosse dar mais credibilidade ao álbum) que foi gravado no mesmo estúdio onde os Arcade Fire gravaram a obra prima Funeral e também com a ajuda do ex-Arcade Fire Howard Billerman que produziu esse primeiro álbum.
Hoje, só por ser Outono, vou chamar-te "meu amor"
Contra as regras do que somos, vou chamar-te "meu amor"
Hoje só por ser diferente te encontrar
É tanto o fado contra nós
Mas nem por isso estamos sós
E embora fique tanto por contar
Hoje, só por ser Outono, vou...
Entre dentes, entre a fuga, vou chamar-te meu amor
Enquanto não se encontra forma, vou chamar-te "meu amor”"
Entre gente que é demais e tão pequena para saber
Que é tanto vento a favor
Mas tão pouco o espaço para a dor
Só pode ficar tudo por contar...
Hoje, só por ser Outono, vou...
E há flores e há cores e há folhas no chão
que podem não voltar...
que podem não voltar.
mas é eterno em nós
e não vai sair...
Desce o tempo e a noite vem lembrar que as tuas mãos também
já não são de nós para ficar
Por ser tanto quanto somos
Certo quando vemos
Calmo quando queremos
Hoje só por ser Outono, vou...
(O frio tem um romantismo especial que o calor, com todos os seus clichés, não consegue atingir. O Inverno arrefece-nos e um simples toque aquece, mais por dentro que por fora)
2 COMENTÁRIOS:
Eu que pensava que ainda ias no teu 138º dia de Agosto.
Não gosto dos dias como estes dois ultimos, nem me agrada nada que a chuva molhe as folhas, porque assim deixam de ser estaladiças.
Custa-me acreditar que alguem consiga sorrir para ti sem vontade, ou que simplesmente não consiga sorrir para ti.
apareci aqui, mais uma vez para manifestar o meu desagrado por o sono me roubar as nossas conversas :/
Esqueci-me de te dizer que fiquei um pouco constipada ...penso que terá sido da corrente de ar da praia, por culpa dos gnomos que se esqueceram de fechar a porta.
Um beijo da Joaninha (poque fazer login dá muito trabalho)
(continuo com aquele terrivel aspecto de quem acabou de acordar )
Como assim? Toda a gente sabe que Agosto só tem 92 dias! Agora estamos a -41 de Janeiro de 2008.
Aspecto terrível, tu? A única vez que te vi com aspecto terrível estavas tu vestida de Pai Natal, a traumatizar umas criancinhas pequenas para a vida.
Já te contei a história daquela vez em que perdi uma sapatilha? É mesmo engraçada... Qualquer dia vou-ta contar!
Beijo!
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