Estava nevoeiro lá fora, via-se da janela grande. Cá dentro, iluminados por uma lâmpada amarela fraca, íamos conversando sobre algumas coisas menos importantes do que aquelas que me lembro.
Estava nevoeiro à beira dele. Era fumo do cigarro que não se apagava. Ele raramente levava o cigarro à boca. Estava concentrado no que estava a dizer e o que ele estava a dizer era mais ou menos isto: “Negamos que estamos cansados, negamos que estamos assustados, negamos o quanto queremos ter sucesso. E, o mais importante, negamos que estamos em negação. Só vemos aquilo que queremos ver, só acreditamos naquilo em que queremos acreditar, e funciona! Mentimos tanto a nós próprios que passado um tempo as mentiras começam a parecer verdades. Negamos tanto que não conseguimos ver a verdade mesmo à frente dos nossos olhos”.
O nevoeiro acabou por passar, tanto lá fora como cá dentro e só aí é que eu consegui ver que o que eu pensava que era nítido afinal era nevoeiro e o nevoeiro acaba sempre por passar.
Tu és nevoeiro que vai desaparecendo com cada suspiro meu. Não tenho medo do que vou encontrar debaixo do nevoeiro, tens é que deixar de te esconder tanto no nevoeiro para eu te poder ver.
A Música Há dias em que esta secção dos posts se torna num fardo difícil de suportar, tal como aquela parte no final do telejornal em que os jornalistas são obrigados a dizer como vai ser o tempo no dia a seguir, mesmo não sendo meteorologistas. Pois bem, eu não sou crítico de música, nem muito menos percebo alguma coisa de música, sou apenas uma pessoa normal que gosta de música, porque a música é a forma de arte que melhor consegue reflectir o nosso estado de espírito...
There's a magnet in you And your crumbling drew From a love that's not as strong as your own
So your magnetic heart Takes it to the start To that California town you call home When you're all alone
There's a magnet in me But unfortunately All it seems to do is repel Is repel you
So my magnetic heart Will explain in part Why I just can't seem to part with you Can't stop chasing you
I will just head west Drive through the Midwest Because I just can't let it be It's a magnet in me
When I catch up with you It'll be strange true But I'll turn you around in the name Of all I've loved in vain All my loves in vain All my loves in vain
Adoptei um pequeno gatinho que tinha sido abandonado no caixote do lixo e dei-lhe o nome de Zé, numa pequena homenagem ao meu pai.
O Zé é um traquinas disfarçado de gato pequenito e tímido. Nem quero imaginar como vai ser quando crescer, nem muito menos quero imaginar como vai ser quando chegar a casa com ele… Mas isso são histórias para outro navio!
Por enquanto vou observando a pequena bola de pelo amarelo a dormir ao sol sem grandes preocupações como eu devia estar também…
A Música Não é segredo de ninguém a minha paixãozinha pela Feist, por isso aqui vai mais uma música dela (ou com ela), desta feita uma versão de uma música antiguinha do também canadiano Ron Sexsmith, Secret Heart, aqui tocada ao vivo... hum... sabe-se lá onde... (Penso que em França). Adoro! Adoro! Adoro! (e o Zé manda dizer que também gosta)
Secret heart, what are you made of What are you so afraid of Could it be, three simple words Or the fear of being overheard
What's wrong Let 'em in on your secret heart
Secret heart, why so mysterious Why so sacred, why so serious Maybe your just acting tough Or maybe your just not man enough
What’s wrong? Let 'em in on your secret heart
Is there a secret that you're trying to conceal Is the very same one that you're dying to reveal Go tell 'em how you feel
Secret heart, come out and share it This loneliness, few can bear it Could it have someting do to with Admitting that you just can't go through it alone Let 'em in on your secret heart
Is there a secret that you're trying to conceal Is the very same one that you're dying to reveal Go tell 'em how you feel This very secret heart
Go out and share it Hmm hmm hmm This very secret heart
Depois de quase duas horas à espera da cena de perseguição do Bullitt, soube tão bem ir a uma das padarias abertas noite dentro, para estudante ver (hum… e comer), mesmo sabendo que tenho que acordar já daqui a pouco. É terrível para o organismo, mas de vez em quando temos que mimar o lado mais perverso do cérebro!
Na padaria sem quaisquer condições de higiene, a mulher com aspecto de peixeira da lota de Matosinhos ria-se com alguns dos poucos dentes que ainda lhe sobravam e lá nos ia dizendo que já se tinha habituado a este horário estranho de dormir de dia e ficar acordada a noite toda. Quando lhe perguntei se não tinha saudades de tudo o que perde durante o dia, ela apressou-se logo a responder que não, que tinha ali tudo o que precisava e nisto olhou para o marido franzino que vestia uma camisola branca de alças numa noite de frio e que logo lhe lançou um sorriso de puro esmalte, do mais branco branco que alguma vez vi.
A Música Os Toranja são uma das melhores bandas nacionais com um som muito próprio e letras tão magníficas como esta. E como é magnífica esta letra!
Não posso ser só eu a dar sentido à razão Vais ter que vir tu e arrancar-me a escuridão É que ás vezes quem vence fica sempre a perder Vamos deixar de usar armas no que queremos ser
Mas tens que escrever quem vês em mim Vais ter que contar quanto dás por nós Sem mais Contos de embalar
Não podes ser só tu a dar sentido ao buraco Se não te queres lembrar do que sentiste no fundo Agora tens que vir tu saciar-me os segredos Porque é fácil de mais o que me queres vender
Mas tens que escrever quem vês em mim Vais ter que contar quanto dás por nós Sem mais Contos de embalar
Mas tens que escrever quem vês em mim Vais ter que contar quanto dás por nós Vais ter que despir o que tenho a mais Por ver sempre tudo a desconstruir Por cima da raiz que nunca sai Que volta a crescer por não parar
Que volta a crescer por ser maior Voltou a crescer sem avisar! Sem mais Contos de embalar
Um pequeno à parte (ou não) Porque hoje me veio esta música à cabeça no meio de uma "discussão" com a Joaninha e porque lhe acho uma imensa piada (hum... sim! tanto à música como à Joaninha) aqui fica a versão dos GNR para uma música do Roberto Carlos dedicada a ela (sim, a Joaninha)!
De que vale o céu azul e o sol sempre a brilhar Se você não vem e eu estou a lhe esperar Só tenho você no meu pensamento E a sua ausência é todo o meu tormento Quero que você me aqueça nesse inverno E que tudo mais vá pro inferno De que vale a minha boa vida de playboy Se entro no meu carro e a solidão me dói Onde quer que eu ande tudo é tão triste Não me interessa o que de mais existe Quero que você me aqueça nesse inverno E que tudo mais vá pro inferno
Não suporto mais você longe de mim Quero até morrer do que viver assim Só quero que você me aqueça nesse inverno E que tudo mais vá pro inferno Oh, oh, E que tudo mais vá pro inferno
Não suporto mais você longe de mim Quero até morrer do que viver assim Só quero que você me aqueça nesse inverno E que tudo mais vá pro inferno
Podia agora escrever umas palavras tontas mas as palavras hoje parecem-me inúteis para descrever tudo o que quero dizer. Será que uma música consegue?
A Música Seja como for, é sempre melhor quando estamos juntos, como diz o Jack Johnson, o surfista havaiano que tocava viola nos luaus à noite para passar o tempo e que se fez músico sem ter dado por ela.
There's no combination of words I could put on the back of a postcard No song that I could sing But I can try for your heart Our dreams and they are made out of real things Like a shoebox of photographs With sepia tone loving Love is the answer At least for most of the questions in my heart Like why are we here And where do we go And how come we're so hard It's not always easy And sometimes life can be deceiving I'll tell you one thing It’s always better when we're together
It’s always better when we're together We'll look at them stars when we're together
And all of these moments Just might find there way into my dreams tonight But I know that they'll be gone When the morning light sings And brings new things But tomorrow night you see That they’ll be gone too Too many things I have to do But if all of these dreams Might find their way Into my day to day scene I'll be under the impression I was somewhere in between With only two Just me and you Not so many things we got to do Or places we got to be We'll sit beneath the mango tree
I believe in memories They look so So pretty when I sleep Hey now, and when I wake up You look so pretty sleeping next to me But there is not enough time And there is no song I could sing And there is no combination of words I could say But I will still tell you one thing We're better together
Alimentado por um incenso oriental estranhamente apaziguador suspenso numa batata e depois de um jantar à meia-noite que começou a ser preparado às oito por este cozinheiro que gosta de fazer as coisas devagar, deitei-me no chão e fiquei a olhar o tecto, como faço sempre que quero pensar.
E pensei. Pensei, voltei a pensar, sonhei um bocadinho, passei pelas brasas, tentei ver as horas no relógio que estava escuro demais para ser legível, baixei o volume, subi o volume, mudei de música, mudei de artista e voltei a pensar.
De vez em quando era interrompido pelo pessoal a cravar mais daquele incenso marado que dá uma moca estranha, mas no fundo, fiquei assim por horas, a pensar e a sonhar acordado. Tenho muito que fazer, mas não quero fazer, não quero fazer nada, quero apenas ficar aqui a pensar.
( Enquanto isto, os mosquitos que se aglomeravam à minha janela iam fazendo apostas sobre em que é que estaria a pensar )
A Música Os Nouvelle Vague são muito mais que apenas uma daquelas banda de covers que actuam em casamentos. Basta ver o trabalho de reconstrução das músicas originais para se ter ideia que estes franceses percebem de música (ao contrário da maioria dos seus conterrâneos). Adoro aquele sotaque, hum, c’est très sensuel!
When Im with you baby, I go out of my head And I just cant get enough, I just cant get enough All the things you do to me and everything you said And I just cant get enough, I just cant get enough
We slip and slide as we fall in love And I just cant seem to get enough
We walk together, were walking down the street And I just cant get enough, I just cant get enough Every time I think of you I know we have to meet And I just cant get enough, I just cant get enough
Its getting hotter, its our burning love And I just cant seem to get enough
And when it rains, youre shining down for me And I just cant get enough, I just cant get enough Just like a rainbow you know you set me free And I just cant get enough, I just cant get enough
Youre like an angel and you give me your love And I just cant seem to get enough
Quero mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais! E mais!
E tu, queres mais, ou já chega de mim?
A Música Sou viciado em Badly Drawn Boy e nos seus vídeos cómicos e desastrados, mas seja como for, há sempre uma mensagem a passar em cada música sua, tal como os meus actos, também eles por vezes cómicos, desastrados, ou os dois ao mesmo tempo!
You quiver like a candle on fire I'm putting you out Maybe tonight we could be the last shout But I'm fascinated by your style Your beauty will last for a while
You're feeling instead of being The more that I live on the inside There's nothing to give I'm infatuated by your moves I've got to search hard for your clues
I want to repair your desire And call it a gift That I stole from just wanting to live Now I see the vision through your eyes Your innocence no longer fuels surprise
Trying to outrun your fear Running to lose Heart on your sleeve and your sole in your shoes Take a left, A sharp left And another left, meet me on the corner And we'll start, again.
Estava na fila para pagar na bomba de gasolina quando uma criança que se empoleirava no braço da mãe, à minha frente, com uns óculos maiores que a cara, me perguntou descaradamente:
- Estás triste?
Fiquei surpreendido e atrapalhado ao mesmo tempo mas tentei disfarçar com um sorriso trapalhão e uma pergunta infantil.
- Pareço triste?
Ela sorriu já sem o dente que havia perdido na noite anterior, evitando responder.
- Eu quando estou triste gosto que a minha mãe me conte uma história!
- A minha mãe não tem tempo para me contar histórias… - disse eu, ainda desanimado.
- Queres que eu peça à minha para te contar uma?
E nisto começou a puxar pela camisola da mãe que esperava impacientemente na fila que não se mexia. Eu disfarcei com um sorriso com todos os dentes que tenho e uma coçadela em seco na cabeça, qual desenho animado japonês.
A mãe dela não percebeu e apenas resmungou um: “vá lá, deixa o senhor em paz!”, como todos os pais fazem, partindo do princípio que as crianças só saem à rua para chatear as outras pessoas e não para lhes trazer sorrisos mesmo quando não lhes apetece sorrir.
E assim correu o dia em que não me apeteceu sorrir muito, nem chamar nomes a músicos foleiros, nem cantar músicas tradicionais da Croácia, nem correr atrás de pombos, nem dançar ao som dos ruídos da cidade.
Estou fechado para manutenção, volto amanhã, o dia em que vou voltar a sorrir com tudo e com todos, mesmo apesar de tudo o que vai mal no mundo.
A Música O Finlay Quaye é um músico britânico que sempre foi um caso à parte no panorama musical daquelas terras frias com água a escorrer por todos os lados, com os seus sons quentes capazes de reconfortar até a mais fria das almas.
Even after all The murdering Even after all You're suffering sow You know I love you so You know I love you so and so
Even after all
All that you go on.... sir Is the order of the day And all that you believe... sir Is the order in this society You know I love you so You know I love you so and so
Even after all
This is my manner y'all Man just feel satisfied No competition No competition at all I just feel satta star
Them eyes are gorgeous girl No demise, uprise I got to raise it again Them eyes are gorgeous I must advance
I don't check for no superficial It's got to be beneficial
These sonic fruits These sonic fruits Sight These sonic fruits Got them moving around alright Hyper play Steppin' and rising
Even after all The murdering that go on Even after all oh no Your suffering sow You know I love you so You know I love you so and so
Even after all
You just survive soldier And your soul is beautiful And your soul is good
Sabem aqueles momentos em que rimos tanto que até ficamos com lágrimas nos olhos? Sim, aqueles momentos que mais tarde ficam na memória como os “bons velhos tempos”. Estes últimos dias têm sido assim, cheios de lágrimas nos cantos dos olhos e memórias novas para o cérebro!
A Música O que dizer sobre Bonga? Não existem palavras para descrever o génio de voz rouca e sorriso de orelha a orelha... E vai uma festa com o Semba de Bonga e decoração a condizer!
Tenho uma lágrima no canto do olho
Avozinha está sozinha A ver a morte aproximar Sacrifícios aumentando E Redobra o nosso parecer
Tenho uma lágrima no canto do olho
Se um dia a mais Se um dia ao menos Pudessem ver e ter Na corrida para o poder Primeiro o pão para se comer
Tenho uma lágrima no canto do olho
Velhos e velhas chorando Da alegria passageira Com a promessa da conversa Dos homens da nossa terra
Tenho uma lágrima no canto do olho
Velhos outrora respeitados Era assim nos outros tempos Hoje a amizade e a família São manobrados pelo contexto
Tenho uma lágrima no canto do olho
Os velhos morreram cedo Os filhos irão também Filhos pequenos estão com medo Da Situação que se mantém